Hoje, na saída do trabalho, um aluno brincou comigo sobre um fato que ocorreu há algumas semanas com ele na escola. Conto antes seu ocorrido, para depois relatar a brincadeira.
Mês passado, às vésperas do Dia dos Namorados, brinquei com esse meu aluno de 2º ano do Ensino Médio, ele estava lendo uma revistinha da Turma da Mônica durante uma aula minha. Brinquei com ele afirmando que, graças a rapazes como ele, o índice de meninas solteiras no dia 12 de junho era exorbitante. Uma menina, que, imagino, andava meio na seca, retrucou se dirigindo a ele: “Se ele fosse diferente, não estaria sozinho...”. Rendeu assunto. Os dois acabaram começando a namorar. Impasse: Ela evangélica, na verdade, a família dela, dessas famílias bem arcaicas no quesito religião. Ele, zoador, típico rapazote afim de curtição. Impasse.
O ocorrido dele: O namorico andou ficando sério e uma professora andou tirando fotos dos dois e colocou no Orkut! Impasse. O pai da garota (um tipo de Moíses ou Nóe da vida) viu! Impasse. Quer comer o garoto vivo. Impasse. O garoto já pensava até em oficializar o relacionamento e ir pedir a menina em namoro sério. Impasse. Se aparecer por lá, provavelmente morrerá com um golpe de Bíblia na cabeça. Impasse.
Vamos à brincadeira que ele fez hoje comigo. Eu estava saindo da sala e ele estava de namorico com a menina. Bom. Normal. Fim de aula. Nada mais justo. Semana de provas – o pai dela não deve saber.
Ele então brincou comigo sobre o ocorrido: “Quer tirar uma foto professor? Para colocar no seu Orkut!”. Sorri. Não entendi. Quando não entendo sorrio. Respondi não ter Orkut, ele continuou: “Tirar uma foto professor...”. Entendi. Mas repeti com mais ênfase: “Relaxa, não tenho Orkut!”. Um outro aluno ouviu e ficou abismado: “Não tem Orkut, professor?!?!”. Respondi. Não.
“Então o senhor não tem cidadania!”.
Observação interessante a dele. Voltei para casa caminhando. Noite agradável para caminhar. Gosto de caminhar às vezes. Gosto de caminhar sozinho às vezes. E dei a observar as ruas que atravessavam meu caminho. Não há mais casais nos portões. Não há mais crianças brincando de brincadeiras típicas como queimado, bandeirinha, pique pega e esconde esconde. O mundo é virtual. Bom. Impasse.
Não renego a Internet. Quem sou eu para isso? Grandes coisas fez o Senhor Virtual por nós! Grandes coisas tem feito o Senhor Virtual por nós! Mas hoje observo que as relações são feitas assim: “Nos encontramos hoje no MSN!”, “Você está no Orkut dele?”...
Não há laços a quebrar. Se você não é mais amigo de alguém basta deletá-lo e adicionar outro. Impasse. Simples.
Tenho recebido inúmeros convites para um tal de Sonico, Rede de Amigos sei lá das quantas. Rejeito. Sem impasses. Tenho telefone. Acredito no amor. Sou pessimista. Mas acredito no amor. Ah, principalmente no carnal!
Lógico que há suas facilidades na rede. Blogger’s. Fotolog’s. Bom.
Mas não tenho Orkut. Já tive Orkut. Não tenho jeito para Orkut. Respiro as palavras. Palavras para mim têm cheiro. Se alguém me escreve eu te amo para mim é o mesmo gosto do falado. Se alguém me manda beijos. São beijos. Impasse. Não sirvo para lidar com isso. Quando alguém me manda um forte abraço pela Internet sinto o calor e a força dos braços em torno do meu tronco. Sinto as mãos envoltas do meu pescoço. Se é amigo, sinto a barba. Se é amiga sinto a maciez da pele. Se é minha mulher: sinto-me o homem mais amado do mundo: mesmo que ela esteja há quilômetros de distância. Pois sei que quando nos vermos seremos nós dois juntos. E foi assim o primeiro beijo. Sem impasses. Por isso, não sirvo para Orkut. Pois se leio esse tipo de coisa e não quero ler: merda na certa!
Agora, não queira me dizer que eles sabem o que é isso. Impasse. Eles não sabem. Pois tudo se encerra com um off line. Por isso mandam beijos. Por isso, não velam com acalanto os eu te amo soltos ao léu na Rede. Por isso não se prendem em ninguém. Impasse.
É. Prefiro continuar sendo um extraterrestre. Um não cidadão. Sem Impasses.
Mês passado, às vésperas do Dia dos Namorados, brinquei com esse meu aluno de 2º ano do Ensino Médio, ele estava lendo uma revistinha da Turma da Mônica durante uma aula minha. Brinquei com ele afirmando que, graças a rapazes como ele, o índice de meninas solteiras no dia 12 de junho era exorbitante. Uma menina, que, imagino, andava meio na seca, retrucou se dirigindo a ele: “Se ele fosse diferente, não estaria sozinho...”. Rendeu assunto. Os dois acabaram começando a namorar. Impasse: Ela evangélica, na verdade, a família dela, dessas famílias bem arcaicas no quesito religião. Ele, zoador, típico rapazote afim de curtição. Impasse.
O ocorrido dele: O namorico andou ficando sério e uma professora andou tirando fotos dos dois e colocou no Orkut! Impasse. O pai da garota (um tipo de Moíses ou Nóe da vida) viu! Impasse. Quer comer o garoto vivo. Impasse. O garoto já pensava até em oficializar o relacionamento e ir pedir a menina em namoro sério. Impasse. Se aparecer por lá, provavelmente morrerá com um golpe de Bíblia na cabeça. Impasse.
Vamos à brincadeira que ele fez hoje comigo. Eu estava saindo da sala e ele estava de namorico com a menina. Bom. Normal. Fim de aula. Nada mais justo. Semana de provas – o pai dela não deve saber.
Ele então brincou comigo sobre o ocorrido: “Quer tirar uma foto professor? Para colocar no seu Orkut!”. Sorri. Não entendi. Quando não entendo sorrio. Respondi não ter Orkut, ele continuou: “Tirar uma foto professor...”. Entendi. Mas repeti com mais ênfase: “Relaxa, não tenho Orkut!”. Um outro aluno ouviu e ficou abismado: “Não tem Orkut, professor?!?!”. Respondi. Não.
“Então o senhor não tem cidadania!”.
Observação interessante a dele. Voltei para casa caminhando. Noite agradável para caminhar. Gosto de caminhar às vezes. Gosto de caminhar sozinho às vezes. E dei a observar as ruas que atravessavam meu caminho. Não há mais casais nos portões. Não há mais crianças brincando de brincadeiras típicas como queimado, bandeirinha, pique pega e esconde esconde. O mundo é virtual. Bom. Impasse.
Não renego a Internet. Quem sou eu para isso? Grandes coisas fez o Senhor Virtual por nós! Grandes coisas tem feito o Senhor Virtual por nós! Mas hoje observo que as relações são feitas assim: “Nos encontramos hoje no MSN!”, “Você está no Orkut dele?”...
Não há laços a quebrar. Se você não é mais amigo de alguém basta deletá-lo e adicionar outro. Impasse. Simples.
Tenho recebido inúmeros convites para um tal de Sonico, Rede de Amigos sei lá das quantas. Rejeito. Sem impasses. Tenho telefone. Acredito no amor. Sou pessimista. Mas acredito no amor. Ah, principalmente no carnal!
Lógico que há suas facilidades na rede. Blogger’s. Fotolog’s. Bom.
Mas não tenho Orkut. Já tive Orkut. Não tenho jeito para Orkut. Respiro as palavras. Palavras para mim têm cheiro. Se alguém me escreve eu te amo para mim é o mesmo gosto do falado. Se alguém me manda beijos. São beijos. Impasse. Não sirvo para lidar com isso. Quando alguém me manda um forte abraço pela Internet sinto o calor e a força dos braços em torno do meu tronco. Sinto as mãos envoltas do meu pescoço. Se é amigo, sinto a barba. Se é amiga sinto a maciez da pele. Se é minha mulher: sinto-me o homem mais amado do mundo: mesmo que ela esteja há quilômetros de distância. Pois sei que quando nos vermos seremos nós dois juntos. E foi assim o primeiro beijo. Sem impasses. Por isso, não sirvo para Orkut. Pois se leio esse tipo de coisa e não quero ler: merda na certa!
Agora, não queira me dizer que eles sabem o que é isso. Impasse. Eles não sabem. Pois tudo se encerra com um off line. Por isso mandam beijos. Por isso, não velam com acalanto os eu te amo soltos ao léu na Rede. Por isso não se prendem em ninguém. Impasse.
É. Prefiro continuar sendo um extraterrestre. Um não cidadão. Sem Impasses.
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