terça-feira, 1 de julho de 2008

A Igreja do Avarento

Recentemente, tive alguns problemas com uma instituição de ensino ligada a um determinado segmento religioso, que prega o Nazareno como salvador. Até aí, nada absurdo, afinal, todos nós precisamos de um salvador. Mas o que mais tem me deixado azedo é a forma como o dinheiro daqueles que acreditam tem sido usado e "desviado"(?) para pagar dívidas da instituição de ensino. Salário de professores (inclusive o meu) atrasados, contas e mais contas. Dizem as boas línguas, ou melhor, os passarinhos, que segundo o Nazareno mesmo falou: "não guardam comida para amanhã, mas o nosso Pai celestial lhes dá." Que quando nossos salários são pagos, quando são, o dinheiro vem de oferta dos membros da Igreja, ofertas comumente conhecidas como "dízimo". E, acredito eu, que na Bíblia haja algo escrito sobre como o dízimo deve ser utilizado. Não sou missionário! Sou professor de História (e agnóstico). Sendo assim, defendo eu, que mesmo gostando muito de ter dindim no bolso, esse dinheiro deveria ser empregado em coisas da "ordem".
Mas minha revolta vai além.
Tive alguns problemas recentes comigo mesmo. Sofro de uma bipolaridade esquisita e luto para acreditar que sou feliz. Na verdade, sou um claro depressivo. E muita coisa aconteceu essas últimas semanas e me esqueci de muita coisa que eu deveria ter feito. Como, por exemplo, enviar meus modelos de prova para serem impressos. Nada demais. Eu mesmo, como o dinheiro que me resta imprimi 18 provas simples e aplicarei quando for necessário: amanhã! Esse "amanhã" fiquei sabendo hoje. E ainda ouvi: "é que você faltou na quarta passada... e os alunos estão esperando a revisão". Primeiro: Ninguém me ligou para saber os motivos da minha falta, posso ter tentado o suícido, por exemplo. Segundo: Professor não é obrigado a passar revisão nenhuma. É obrigado, sim, a estar com a matéria em dia. E, à despeito da falta, a minha assim está.
Engraçado. Eles ligam para cobrar suas obrigações, mas se esquecem que viver com dois salários atrasados vai muito mais além do que fé. Mas tudo bem, "olhai no campo os lírios, não fazem roupas para vestir. Mas o nosso Pai celestial lhes dá."
Recado dado: demissão pedida!
Texto escrito ao som do belíssimo disco "Viajar" do grupo Vencedores Por Cristo gravado naquele tempo onde fé e modismo não eram tão unidos como hoje!

Nenhum comentário: