segunda-feira, 29 de junho de 2009

“O culpado dessa merda é você! Quem financia essa merda é você...!”

Não. Ao contrário do que possam pensar os desavisados de plantão, não falarei sobre cinema ou afins. Tampouco, a presença da paráfrase do conturbado personagem Capitão Nascimento do, não menos conturbado, Tropa de Elite, é para que eu fale hoje sobre um fenômeno que a arte em todos os seus âmbitos produz: ídolos e, conseqüentemente, mitos.
Pegarei carona na calda de cometa e mesmo um tanto atrasado falarei do finado da vez: Michael Jackson! Claro que eu poderia reservar um espaço para a belíssima Farrah Fawcett, uma das Panteras originais, que faleceu no mesmo dia 25 de junho de 2009 do King of Pop (não há dúvidas sobre o título), mas o aço brilha no escuro.
A questão, entre tantas, que muitos tentam responder é: o que levou Jackson ao fim? O tempo, diria o velho. O dinheiro, diria um pastor. As drogas, o puritano... Eu digo que foi você! De certa forma, eu também. Apesar de nunca ter comprado um disco do artista e, muito menos, ter pertencido à geração que ele cativou com passos como o moonwalk. Sim, sim, joguei no Megadrive o jogo que era fruto do filme, etc. Mas sem hipocrisia não me considero influenciado pela atuação do homem que revolucionou muita coisa no meio do entretenimento.
Foi você! E somos nós que financiamos essa merda! Calma, calma, não estou dizendo que a arte é uma merda! Opa, de maneira nenhuma! A arte é necessária, afinal, o que seriamos nós sem a arte? Sem uma forma de expressarmos de maneira material o que sentimos? Seja com palavras, sons, imagens, enfim, a arte é necessária! Mal é o que fazemos com aqueles que se arriscam a expressá-la.
Mal foi o que fizemos com o Michael Jackson. Não, não foi ele quem se deteriorou, fomos nós que o deixamos a mingua. É engraçado conversar com uma pessoa que é fã de algo ou alguém. É engraçado mesmo. Pois a pessoa não consegue ver além de um palmo do seu nariz.
Ele mudou a minha vida... ouvi isso um dia depois dele ter morrido. Retruquei: mudou no que? Te fez melhor?! Claro, claro, ele era um gênio... para finalizar, simplesmente, perguntei: Você tem algum disco dele? Comprou alguma coisa dele? A resposta vocês devem imaginar... Lógico, para tudo há justificativas. Mas a frase da conversa, se é que foi uma conversa foi, após um comentário meu de que não precisava dar tanta repercussão a morte dele, pelo menos equilibrar com outras notícias como: “Cresce o número de casos da nova gripe no Brasil” ou “Mais um escândalo no Senado...”: Ele era um artista, ele era diferente!.
Meu Deus! É verdade, ele era diferente, eu sou diferente. Você aí do outro lado, você faz o que da vida? Você é gari? “Ah, você não é importante não...”. Você participou durante semanas do resgate de corpos e destroços do vôo da AirFrance? “Caiu algum avião?”.
Pois é, é da natureza do ser humano colocar outros seres em pedestais, como que acima do bem e do mal, das leis da física. Isso é histórico. Filosófico. Metafísico e sei mais lá o que!
Você nasce com um dom e pronto: fudeu! Mas tem a sorte também, né? O garoto joga um futebol ali na rua e pronto: fudeu! É sua dádiva e sua maldição. Uma coisa bem resumida no Homem-Aranha.
Eu realmente, sinceramente, não acho que idolatrar outro ser humano como eu seja a saída para os problemas do mundo, ao contrário...
Michael Jackson, o que aconteceu com Michael Jackson, é a triste conseqüência de uma realidade que cerca as pessoas que possuem um simples talento. Se você é médico, professor, gari, sim, você também está sujeito a isso, talvez, em proporções menos desastrosas, mas está!
Uma vez falei por aqui sobre o Sr. Jackson (http://oventriloquo.blogspot.com/2008/10/o-que-um-padro-de-beleza.html) e só agora me dei conta que a calda de cometa que peguei hoje, eu já havia agarrado um tempo atrás! Nossa! Eu sou um gênio... Fala sério!
Ao som, no inverno carioca, do ótimo disco Durante o Verão, do grupo A Barca do Sol, no último dia de minha rápida visita ao Rio de Janeiro...
Não estou dizendo? É você, é você... é você quem financia...

Abraços

2 comentários:

G. Alvaro disse...

Perfeito seu comentário acerca do Michael Jackson.

Sim, perfeito o disco da Barca! eu tinha certeza que iria gostar.

Seguindo e concordando: O aço brilha no escuro...

Seu comentário do ventriloquo é mais coerente do que o meu do intelecto! (mas somos de luto. talvez)...

E continuamos a financiar essa merda...

E o aço brilha...

Abraços irmão!

Marcelo Fernandes disse...

Sim, de fato é tendência do homem idolatrar alguém. Para os que consideram o termo forte, podem chamar de veneração, mas na prática há pouca diferença. Na Idade Média os santos, na atualidade os artistas (sejam da música, moda, cinema, gramados, etc.).
Uma idolatria sempre coloca o ídolo contra a parede, passa a exigir perfeição de um ser humano, e se este não gostar, pode ter o mesmo destino do John Lennon...