domingo, 27 de setembro de 2009

Domingo, sinais de depressão: Programa Silvio Santos

“Lá, lá, lá, lá. Lá, lá, lá, lá. Lá, lá, lá, lá. Lá, lá, lá, lá... Agora é hora de alegria, vamos sorrir e cantar. Do mundo não se leva a nada, vamos sorrir e cantar. Sílvio Santos vem aí. Olé, olé, ôlá...”.
Hoje é domingo e me vem uma sensação de vazio. Para mim, domingo sempre foi sinal de vazio, ao contrário do tradicional “primeiro dia da semana”, sempre achei que ele tinha mais cara de último do que de primeiro. Dia de dormir cedo, pois tinha escola no dia seguinte. O futebol não se estendia no campinho. Era dia de culto na igreja, Fantástico na TV e claro: Programa Sílvio Santos: “Quem quer dinheiro?”, “Roque!”... A marchinha que citei acima, composta, em 1965, por Archimedes Messina, para esse mesmo Programa Sílvio Santos, só que na Rádio Nacional, era o final dos tempos para mim.
Hoje, domingo, estou só. Algumas coisas, alguns sinais em mim muito me preocupam, creio que estou ficando deprimido. Espero estar errado, mas acho que não estou.
A falta de sono que me corroem os olhos e corpo ou, quando ele vem, as noites mal dormidas, o acordar tarde sem vontade de sair de casa e ver o sol, sentir o vento, as frases curtas, as leituras secas, o cabelo desgrenhado e a música clássica no som, tudo me indica que estou ficando deprimido. O sorriso forçado e a angústia que precede a volta para casa e o meu silêncio, tudo me indica que estou ficando deprimido.
“A lua de mel acabou”, já dizia um amigo, também recém chegado aqui. O momento é delicado, as observações já foram feitas, os primeiros choques, as decepções, os alívios e felicidades, tudo num furacão de emoções e pensamentos. Palavra é pensamento. Discurso, para mim, sempre foi prática. Ficarei aqui, não restam dúvidas ou fatos contrários. Como disse, a primeira impressão – boa – já se foi. Fica agora o olhar atento de alguém que conhece outros lugares, percorreu vários caminhos até chegar aqui e até aqui foram muitas vozes que emiti. No balanço final: ponto para mim. Estou onde deveria estar.
Não vejo TV, minha ligação com o mundo é virtual. Com o Rio de Janeiro é o jornal O Globo que leio on-line, sobre Aracaju, que me perdoem todos, fico sabendo pelos alunos. Não que não me interesse, apenas não tenho tempo: sinal de que estou ficando deprimido. Pois sempre administrei bem meu tempo e sempre tive tempo para tudo. Na verdade, como bem observou minha mãe um dia por telefone, ao me questionar se eu queria comprar um aparelho de televisão, a caixa mágica, desde menino, nunca me chamou muita atenção. A televisão NÃO me deixou burro, muito burro demais! Mas pelo visto, o “sorvete me deixou gripado pelo resto da vida...”.
Não sei por onde anda o Gugu Liberato, se o Roque ainda é vivo, nem qual a nova novela das oito da Globo. Sei, pela internet, em algumas chamadas de matérias, que aquela menina bonita pra burro, Taís Araujo, é a primeira protagonista negra de uma novela das oito da emissora, bom para ela, bom para quem vê. Acho que sim. Ah, sei que ela é mais uma Helena do Manoel Carlos – Paciência.
Não sei se é qualidade ou defeito meu, porém, já fazem, praticamente, seis meses que não sei o que é uma novela. Me lembrei agora da novela infantil do SBT, Carrossel, como eu adorava aquela novela quando criança (eu sei que era um pé no saco, mas, acredito que quem tem hoje a minha idade curtiu pra caramba): “entre duendes e fadas a terra encantada espera por nós, abra o seu coração, na mesma canção, em uma só voz...”. Não sei de quem é a música, tampouco, tenho paciência no momento para pesquisar no Google, mas achei no Youtube a abertura, taí, quem quiser se aventurar e lembrar a infância, que veja depois de ouvir o que ainda tenho para dizer hoje com o sol quase raiando no mar.

Ontem, acordei às 7:30 da manhã, pensei “vou dormir mais um pouco”, meu corpo doía, meus ouvidos também, quando acordei estava envolto ao meu colchonete inflável vazio, com o corpo mais dolorido do que antes. Ao mesmo tempo o telefone tocou, já era 12:20, fui almoçar fora com um amigo do Departamento de Educação Física da UFS (o Kiko) e seu orientando, papo alegre, as horas se passaram, quando vimos já eram 17:00 horas. Voltei para o meu apartamento, tomei uma ducha, fui pesquisar um pouco para o doutorado. O telefone toca, um amigo do Departamento de História (o Augusto) me convidando para jantar. Aceitei. Confessei minha tristeza no caminho de volta para casa. Acabamos num bar, que lembra uma coisa meio carioca, no Shopping Jardins, um chopinho, conversas sobre a infância, já era domingo, meia noite, cedo para um carioca, mais cedo ainda para um angustiado pela solidão.
Uma idéia na cabeça e um celular na mão, este tem sido meu lema, liguei para o Kiko, como diz Ana, meu anjo da guarda aqui: “basquete na orla, está afim?”. Até as três da madrugada batemos bola, fizemos cestas, disputamos partidas, quase vimos o sol nascer. Bom momento – momentos bons acabam.
Mas hoje é domingo. Famílias se reúnem para macarronadas, churrascos, conversas no portão, é dia de futebol às 16:00, Fluminense no Maracanã, tão mal das pernas como eu de sorriso. Porém, eu estaria lá com meu manto tricolor, cantando “A benção João de Deus” ao lado do Thiagão, chope depois na Tijuca. Mas hoje é domingo e não ficar bem no domingo, aqui ou em outro lugar, é algo que, pelo menos, me parece familiar. Já ouço os ônibus voltando a rodar, a vida roda novamente, são 4:33 da manhã – é hora desse daqui se retirar e tentar descansar um pouco. Inté.

2 comentários:

Anônimo disse...

Blog EMO...

Bruno Alvaro disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkk!

Obrigado pelo comentário!