domingo, 9 de janeiro de 2011

Perdido

Com um certo constrangimento se beijaram como que dizendo adeus. Lá longe era possível ver, calmo, o Pão de Açúcar iluminado. As ruas movimentadas, tantos rumos, tanto nada... tudo em vão. Vão sentimento. Aquele constrangimento.
E num segundo só, tudo fez-se festa. Fez-se novo. Uma velha possibilidade de rever o passado como um presente vivo.
Tudo tão leve, tão leve como a menina de vestido branco. E ele ali parado com um certo constrangimento. “Tudo que nos separava subitamente falhou”. Como um louco no centro do Campo de Santana, foi rasgando, desfolhando “Regufitorfagia” do Melamed, deixando as folhas indo com o vento, percorrendo a Presidente Vargas, cortando suas transversais. Indo longe, longe. Sofrendo uma quebrada para a Rio Branco, percorrendo toda avenida, sofrendo mais um desvio, entrando na Arlequim, junto com uma menina de vestido branco, saindo pelo Paço, voando. Tragada pelo sumidouro do mergulhão da Praça XV... Uma folha se perde nos chafariz da Candelária, outra cai nas mãos de um poeta de porta do CCBB. Mas outra sobe a 1º de Março e segue, segue até o Passeio, onde, ao lado, na Praça Mahatma Gandhi era possível ver, calmo, o Pão de Açúcar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como uma criança que volta depois de muito tempo a uma casa de praia a muito não visitada.
Belo texto camarada, salve o Centro do Rio de Janeiro...