sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Enquanto não se é maracujá de gaveta, melhor é ficar exposto na feira!

Citrullus vulgaris


O fenômeno recente que invade os jornais e revistas, dedicados aos importantes assuntos fúteis matinais, é a temporada de mulheres frutas, todas tipicamente modificadas “a la” agricultura brasileira, ou seja, com doses cavalares do que não é da estação, no caso: silicones, botóx e afins. O mais curioso é a falta de necessidade de tais aplicações por se tratarem de frutas ainda verdes (nem maduras, nem podres). Talvez, no caso da fruta de maior exposição na hortomídia e que, segundo o nosso querido Aurélio, é uma planta herbácea, prostrada, da família das cucurbitáceas (Citrullus vulgaris), de origem africana, de folhas bastante subdivididas, e cultivada por causa dos frutos, enormes bagas uniloculares e polispermas, muito sucosas, de casca verde e polpa vermelha com sementes negras, seu instrumento de trabalho tenha se mantido natural, pelo menos até agora. Conta-se que tal fruta (a Citrullus vulgaris) desistiu de um possível regime temendo que seu sonho de posar, bem verde, diversas e diversas vezes na revista de Horticultura Masculina, fosse atrapalhado, mas mal sabe ela que sonhos de consumo são como um interminável pesadelo, são a História Sem Fim do ser humano. Mas que ela siga feliz!
E segundo o que consta ainda nesses matutinos, tal mulher fruta (a Citrullus vulgaris) está atingindo seus objetivos – e é tão bom quando conseguimos isso, não é verdade? Em tempos de vaca magra, as frutas estão a toda na estação e os tais 15 minutos de fama já perduram bastante. Aliás, de “crão” em “crão” a galinha enche o papo, já diria a sabedoria popular!


Morango. Do latim vulgar moranicu.
Infrutescência carnosa (e não fruto)
do morangueiro, na qual estão uns
grânulos duros, que são os verdadeiros
frutos.
DICIONÁRIO AURÉLIO.










Mas os garotos e pervertidos de plantão sabem que há muito a coleção de revistas do papai (aquelas que muito nos ajudaram a descascar batata na puberdade) já não são tão inacessíveis o quanto eram tempos atrás e, creio eu, que a mulher fruta (a Citrullus vulgaris) ou quem está por trás dela (no bom sentido, é claro) deve saber disso. Todos lucram e na feira livre que é a sociedade brasileira todos querem lucrar, sendo assim, melhor mesmo abraçar a oportunidade que essa enorme feira de agricultura está disponibilizando. Aliás, o efeito bunda, digo fruta, no Brasil é tão fértil quanto essa terra em que tudo que se planta dá...
Dar não, pois nossas frutas não são de todas murchas e, graças a Deus, pelo menos com ela, aparentemente, o famoso teste do sofá não se aplica! Explico-me. Num desses domingos de sol que deram no inverno, li eu que a besta de um desses muitos apresentadores de tv que tem por aí, ofereceu uma quantia exorbitante por uma, digamos, provada, numa das frutas da estação (a Citrullus vulgaris) e recebeu um belo não como resposta. Ficou chupando o dedo ou, provavelmente, descascou batata, como muito marmanjo que trabalha na construção civil e compra religiosamente por R$ 3,90 o complemento frutífero que vem junto com um jornal que dá para se ler em meia hora.
Sim, descascou batata vendo as duas Horticulturas Masculinas que saíram com ela (a Citrullus vulgaris) na capa. Confesso, meio preocupado de acusações de hipocrisia, de que realmente não vi a revista completa e minha opinião sobre a fruta exposta se constrói através de comentários e fotos promocionais em quitandas de jornal!
O que realmente vale é a afirmação de que de murchas e bobas essas mulheres frutas não têm nada, pelo menos a mais famosa fruta da estação (a Citrullus vulgaris) e isso prova que meu texto não é uma acusação ou crítica, mas quase um manifesto em defesa às suas sementes, desde que mudas e sem acompanhamento musical. Porém, vale ressaltar, que pesquisadores afirmam que o grito das plantas é horrível quando estão sendo cortadas, mas posso confirmar (e todos podem) que a voz do nabo que canta “crão, crão” é deprimente! O nabo a que me refiro foi o que lançou a fruta da estação (a Citrullus vulgaris) e acabou lançando, ou melhor, evidenciando a temporada das mulheres frutas.
Digo que meu texto não é uma crítica e afirmo veementemente que de murchas e bobas essas mulheres frutas não têm nada, pois achei fantástica a resposta da mais famosa fruta da estação (a Citrullus vulgaris) quando espetada por uma certa e eterna bunda loira que afirmou a um burropórter que para sobreviver na horticultura da mídia brasileira era necessário mais do que bunda (!). Nossa! Uma bunda falando de bunda, fiquei até com cara de bunda agora! Prontamente, a fruta da estação (a Citrullus vulgaris), respondeu que concordava, tanto que sabia que escola se escreve com “e” e não com “i”! É fantástico (plim)! Se a geração de agora conhecesse o grande Seu Boneco entenderiam a frase: Aí eu vou pra galera!
Mas é exatamente isso. Na vida a gente abraça as oportunidades que vão aparecendo. Atravessamos as pontes que podemos atravessar. O mais fantástico (plim) dessa história toda, que poderia ser confundida com o filme Os Vegetais, é que ninguém da hortomídia andou comendo as frutas da estação. Eu acho que não!
E é tudo questão de auto-ajuda, meio O monge e o executivo, elas dão o que o povo quer ver e em troca podem se expor felizes da vida ao sol da fama da hortomídia. Enquanto isso der certo não nos preocuparemos em ouvir a desagradável voz angustiante relatada pelos pesquisadores, pois, aparentemente, todos estão felizes, pois em tempos de Internet e transferências de imagens em .jpeg conseguir vender fotos em papel é privilégio para poucos!


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