quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Entre o aeroporto, Pedro II e o Passeio Público

Pois desci na Avenida Passos como de costume. Meus olhos te viram passando pela Praça Tiradentes, de saia florida, leve, camiseta amarela, morena como os dias de sol no Rio. Não era você. Era eu e minha vontade de te ver pelo menos por uns minutos.
Pois peguei a Rua do Teatro e persegui o andar que me parecia o teu, mas não era. Pensei adentrar correndo e suado a Igreja de São Francisco de Paula, quem sabe ali ajoelhada pedindo aos santos vida feliz e agradável fosse você, mas não era. Era eu e minha vontade de te observar rezando e pedindo por nós pelo menos alguns instantes do meu dia corrido.
Pois se sentado no Real Gabinete entre tantos livros antigos não consigo prestar atenção nos ecos do passado, só pode ser por pensar e te ver em cada canto que eu vá do Centro da cidade.
Pois aquela moça sentada na escadaria do CCBB é você com os cachos caídos nos ombros folheando um José Murilo. Mas não é. Pois o cheiro que sinto, enquanto com pressa almoço num fast food qualquer, não é o da tua pele nem do teu perfume... é alguém que não é você que passa como o dia passa. Pois meu dia passa sem você.


Pois enquanto escolho na porta do Paço Imperial os cartões Mica que acho mais bonitos, olho de rabo de olho e vejo você apressada indo pegar a barca, mas qual o motivo para tanta pressa meu amor? não é teu cheiro, não é teu andar, não é você.
A noite cai aos poucos no mar e me afasto do cheiro da maresia, melhor caminhar ou me sentar para tomar café. Ao meu lado você se senta calma e só, fico feliz por te ter ali tão perto, mas logo percebo que não é você. Apenas um reflexo do meu pensar em te ter pelo menos um minuto do fim da minha jornada.
Pois enquanto corro da Carioca até a Cinelândia, esbarro-me em dúzias de você. São bolsas, saias, tênis, sandálias baixas, cachos soltos, peles morenas... Alguns sorrisos... Mas nenhum é o teu. Nada que me cerca no ponto do ônibus, nas luzes dos prédios, nos jovens que saem para dançar, nada traz você concretamente para mim. Pois tudo que me lembra você não supre tua ausência física em mim. Pois tudo que me faça lembrar ou pensar que é igual a você não é o mínimo de tua simples e singular alma. Pois você é única e meus devaneios são reflexos de apenas mais um dia sem tua presença física tão constante na alma do meu coração.

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