"Sarau" - Foto de Bruno de Medeiros (Jun. 2008)
From: Bruno Alvaro
To: Gustavo Alvaro
Sent: Wednesday, August 27, 2008 2:31 PM
Subject: RE: Quanto ao evryborischangin'.
Aí é que tá cara! Eu quero tentar fugir das classificações! Entende meu problema? Entende? Sei lá... uma coisa que me dá que me faz correr do organizado, uma coisa, juro para você, consciente. É como se eu quisesse que meus escritos fossem turbilhões de pensamentos que deixo guardado na caixa da mente. Fico analisando-me e pensando o que está acontecendo, pois, primeiro, não tenho o intuito de classificar aquilo ou aquilo outro como crônica, ao mesmo tempo não quero que seja prosa, poética ou não. A resposta que tenho nesse momento, talvez, seja relacionar isso tudo a um certo tipo de "terapia escrita" para me deixar relaxado quanto à redação da dissertação do mestrado. Pois nela sigo regras bem exatas, não devaneio, viajo o mínimo possível, tenho início, meio e fim para o que digo! Ó vida! Ó céus!
Sem contar, que talvez eu possa te dizer que poucos leiem aquilo dali, posso talvez dizer que aquilo é uma luta contra concursinhos baratos que tomam nosso dinheiro em antologias péssimas para que maus escritores (como nós? Hehehe) tenham livretos na estante ou tenham o que presentear a algum amigo que não perceperá que você estava sem grana para comprar um cd do Guinga ou do Mc Marcinho. Talvez seja a minha resposta aos elogios toscos que eu recebia no Recanto de escritores que sonham em escrever bem ou não e ficam trocando: "Nossa, teu conto é lindo"; "amei tuas letras...". Esse tipo de coisa. Sei lá. Quero ouvir coisas como o que você escreveu. Quero o feio, talvez. Talvez estou ficando maluco de tantos talvez. Talvez seja isso. Entende?
Por fim, acho que é algo como sair, criança, correndo pela antiga Vila de Realengo indo comprar hambúrguer: "Dona Idê mulé do Dê, Dona Idê, mulé do Dê!"
Dedá!?!?! Já vai!
To: Gustavo Alvaro
Sent: Wednesday, August 27, 2008 2:31 PM
Subject: RE: Quanto ao evryborischangin'.
Aí é que tá cara! Eu quero tentar fugir das classificações! Entende meu problema? Entende? Sei lá... uma coisa que me dá que me faz correr do organizado, uma coisa, juro para você, consciente. É como se eu quisesse que meus escritos fossem turbilhões de pensamentos que deixo guardado na caixa da mente. Fico analisando-me e pensando o que está acontecendo, pois, primeiro, não tenho o intuito de classificar aquilo ou aquilo outro como crônica, ao mesmo tempo não quero que seja prosa, poética ou não. A resposta que tenho nesse momento, talvez, seja relacionar isso tudo a um certo tipo de "terapia escrita" para me deixar relaxado quanto à redação da dissertação do mestrado. Pois nela sigo regras bem exatas, não devaneio, viajo o mínimo possível, tenho início, meio e fim para o que digo! Ó vida! Ó céus!
Sem contar, que talvez eu possa te dizer que poucos leiem aquilo dali, posso talvez dizer que aquilo é uma luta contra concursinhos baratos que tomam nosso dinheiro em antologias péssimas para que maus escritores (como nós? Hehehe) tenham livretos na estante ou tenham o que presentear a algum amigo que não perceperá que você estava sem grana para comprar um cd do Guinga ou do Mc Marcinho. Talvez seja a minha resposta aos elogios toscos que eu recebia no Recanto de escritores que sonham em escrever bem ou não e ficam trocando: "Nossa, teu conto é lindo"; "amei tuas letras...". Esse tipo de coisa. Sei lá. Quero ouvir coisas como o que você escreveu. Quero o feio, talvez. Talvez estou ficando maluco de tantos talvez. Talvez seja isso. Entende?
Por fim, acho que é algo como sair, criança, correndo pela antiga Vila de Realengo indo comprar hambúrguer: "Dona Idê mulé do Dê, Dona Idê, mulé do Dê!"
Dedá!?!?! Já vai!
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De: Gustavo Alvaro
Assunto: Quanto ao evryborischangin'
Para: Bruno Alvaro
Data: Quarta-feira, 27 de Agosto de 2008, 3:12 AM
Quanto ao evryborischangin'. Li, gostei até a metade. Novamente até a metade seu texto é excelente, o resto não é ruim, só não leva a lugar algum. E é esse o problema da crônica: ela tem que ser estrada, mesmo que sinuosa, partida, ela tem que te levar a algum lugar, e sua crônica trabalha mais no desenvolver do que no concluir, como se fosse um conto, por exemplo. Mas é uma crônica. Acho que essa caracteristica é natural pra vc, que começou no poema, correu pros contos(que lembravam poemas!), e agora, caindo na crônica, elas lembram contos... É normal essa reação pseudo-intelectual de encontrar resenhas e artigos e criticar/comentar todas as coisas que nos é interessante. Mas devemos fazê-las conscientes de o que o leitor vai entender, pois é direito do leitor, e tem de ser preocupação primária do escritor, que o leitor leia e entenda o que está escrito, do que se fala. Ele tem direito de ler e entender, não se perdendo na metade do caminho. Pois sua cronica lembra mesmo uma gaveta mental, coisas desarrumadas e pensamentos e idéias escritos sem muita construção de sentido. Começou bem, e não terminou mal, só parece que voce se mistura consigo mesmo e não se reconhece escrevendo, e sim pensando.
Pás e Bônus
Teu primo Deda.
(já vai...)
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Uma crônica para você
Um tempo passa numa fração de segundos e as crianças que fomos se transformam num estalo de dedos em homens barbados. Mas as barbas, prenúncios de poucos cabelos, redução nos lanches urbanos e bebidas destiladas, apenas demonstram que a vida segue seu rumo como uma estrada. Como uma crônica: com principio, meio e fim.
Se quando caminhamos lado a lado à procura de discos raros ou confessamos travessuras ao som de uma flauta ou violão. Ou quem sabe, ao menos, em tempos mais remotos passávamos tardes inteiras sujos brincando no quintal ou no quarto naquela casa de final de rua que nos possibilitava ver o mundo inteiro do terraço. O simples pensamento era objetivar um principio, meio e fim.
Poucas pessoas procuram no tempo a sinceridade e a calma que ele pode nos dar. Pois o tempo, no fundo, no fundo, é o senhor de tudo. É ele quem faz crianças crescerem e descerem a rua em busca de trabalho, é o tal tempo que acende cigarros e coloca cervejas nas mesas. Que discute filosofia e literatura no mesmo balaio da Luluzinha.
É o tempo que desmonta e remonta as férias em Paquetá, o fingir ser bons nadadores na beira da Moreninha. É ele quem traz de volta as cocorocas pescadas na Ponte da Saudade. O tempo traz à tona do poço escuro a palestra enfadonha no Real Gabinete. Relembra, afoito, as tardes de quarta na ABL.
O senhor tempo mareja com lágrimas os olhos dos bêbuns. O uísque escondido no porta-malas do carro, a volta majestosa após banho de mar no final de uma madrugada inesquecível depois de um Chico Buarque em plena forma no Canecão.
É o tempo, só o tempo que nos traz principio, meio e fim. É somente o tempo que ajeita as arestas da crônica. Que consegue aos poucos separar poesia e ilusão. E é ele, por fim, que transforma em crianças homens feitos. É ele que encerra tudo.
Um tempo passa numa fração de segundos e as crianças que fomos se transformam num estalo de dedos em homens barbados. Mas as barbas, prenúncios de poucos cabelos, redução nos lanches urbanos e bebidas destiladas, apenas demonstram que a vida segue seu rumo como uma estrada. Como uma crônica: com principio, meio e fim.
Se quando caminhamos lado a lado à procura de discos raros ou confessamos travessuras ao som de uma flauta ou violão. Ou quem sabe, ao menos, em tempos mais remotos passávamos tardes inteiras sujos brincando no quintal ou no quarto naquela casa de final de rua que nos possibilitava ver o mundo inteiro do terraço. O simples pensamento era objetivar um principio, meio e fim.
Poucas pessoas procuram no tempo a sinceridade e a calma que ele pode nos dar. Pois o tempo, no fundo, no fundo, é o senhor de tudo. É ele quem faz crianças crescerem e descerem a rua em busca de trabalho, é o tal tempo que acende cigarros e coloca cervejas nas mesas. Que discute filosofia e literatura no mesmo balaio da Luluzinha.
É o tempo que desmonta e remonta as férias em Paquetá, o fingir ser bons nadadores na beira da Moreninha. É ele quem traz de volta as cocorocas pescadas na Ponte da Saudade. O tempo traz à tona do poço escuro a palestra enfadonha no Real Gabinete. Relembra, afoito, as tardes de quarta na ABL.
O senhor tempo mareja com lágrimas os olhos dos bêbuns. O uísque escondido no porta-malas do carro, a volta majestosa após banho de mar no final de uma madrugada inesquecível depois de um Chico Buarque em plena forma no Canecão.
É o tempo, só o tempo que nos traz principio, meio e fim. É somente o tempo que ajeita as arestas da crônica. Que consegue aos poucos separar poesia e ilusão. E é ele, por fim, que transforma em crianças homens feitos. É ele que encerra tudo.
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