segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Caminhada

Eu caminho o Rio
Mas, na verdade, é o Rio de Janeiro que me navega.
São as pessoas vindo de algum lugar e me atravessando os poros
Penetrando minha alma com seus cheiros e sorrisos.
Um grupo de jovens fuma num canto, em roda, na hora do almoço,
Os taxistas conversam sobre o futebol,
Na Praça do Pequeno Jornaleiro, crianças se aglutinam e comem cola.
Eu caminho o Rio
Mas na mais pura verdade é ele quem me passeia.
São as saias rodadas e os tailleurs,
São os ternos e as camisetas regatas,
São os sem teto, sem trabalho, desnudos, aflitos, cansados.
É a cerveja suando no boteco da esquina.
O copo de uísque no fim, tintilando com o gelo se derretendo
Como vós
E que venha a nós o vosso reino,
Ó Cristo Redentor,
Pois só te vejo de costas ao ir voltando para casa.

Nenhum comentário: