quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Sobre o poema que não tenho cópia

O ano vai chegando ao fim e é comum arrumarmos as pendências. É a busca pelo perdão, o reatar com amizades longínquas, a perspectiva de um novo projeto, é a construção de novos projetos. Fim de ano é assim e estamos quase no fim do ano.
Nas ruas já é possível sentir o cheiro dos panetones. Nas lojas, além das pessoas já se acotovelarem, já somos massacrados com os jingles natalinos: “Já é natal na...”. Enfim, não há como fugir das referências ao dia 25 de dezembro.
Confesso, e acho que já vociferei sobre isso por aqui, não sou, há muito, chegado às festas natalinas. Há muito tempo que esse dia já não tem um sentido lógico na minha existência e olha que não sou alguém muito lógico.
É curioso como sempre passo o natal sozinho. Não, não é nenhum charminho para receber convites, pois nem sempre estar sozinho significa estar só. Não me lembro muito bem, mas acho que no natal passado fui dormir cedo, meus pais também. No retrasado, peguei o carro e fiquei andando sem rumo por Mesquita, Nilópolis e Nova Iguaçu. Tempos atrás, ia à casa do meu amigo Elber filar uma rabanada banhada no vinho e desejar-lhe feliz aniversário. Ou então assistia cantatas sobre o menino Jesus na Igreja. Tempos idos. Tempos outros.
Apesar de muita gente achar que sou pessoa de muitos amigos, enumero aqueles com quem tenho o hábito de falar no natal, por telefone, claro: Marcus, Fernando, Kátia (às vezes por mensagem via celular), Rodrigo Otávio, Thiago Porto, Celsinho... Não conto Gustavo, pois o vejo e acho que ele compartilha do isolamento nesse dia também.
De quando em quando aparecem amigos novos. Creio que neste ano que já está indo embora, fortaleci alguns laços, conheci gente nova e me afeiçoei. Poderia listar aqui, mas acho que pega mal, pela pouca quantidade.
Curioso como fiz pouca poesia, conseqüentemente, poucas amizades. Muitos que eu pensava serem amigos foram embora e consigo levaram alguns poemas.
Como ando com um certo tempo livre atualmente, dei a fuçar agora pouco em poemas antigos guardados no HD, como tirei esse mesmo dia de hoje (de ontem, na verdade) para organizar minha documentação para a inscrição para prova de doutorado, aproveitei para procurar os manuscritos poéticos dos textos que agora jazem em formato Microsoft Word.
Pouco encontrei. Mas o poema que se segue, sei que nunca guardei, nunca mesmo, o manuscrito. Realmente não fiz cópia. Lembro, vagamente, estar um pouco além da conta alcoólica quando o fiz, não sei com quem ficou, mas tenho a ligeira impressão de que já foi reciclado.
Não lembro onde estava no dia, mas levando em consideração que dia 17 de janeiro de 2007 (quando escrevi o poema) foi uma quarta-feira, provavelmente, eu estava em casa, na rua passeando com Ana ou bebendo em algum bar. Estaria com ela o manuscrito? Não sei. Joguei no lixo? Desfez-se na Baía de Guanabara? Ficou com algum amigo bêbado? Sei lá!
Fica um ar de eterno, e como é bom esse tal de eterno...


Sobre o poema que não tenho cópia


Há uma poesia que eu não lembro o nome
Que eu não lembro muito bem os versos
Só sei que num papel amarelo
Só sei que escrevi no apreço
Ainda sei o tema que ainda hoje mantenho em segredo
Não sei que segredo há naqueles versos
Mas vai e vem me lembro deles
É o único poema que não tenho cópia
É o único poema que não tenho toque
Talvez seja um poema de uma só estrofe
Aquele poema que não sei o nome.

17 de janeiro de 2007
Bruno Alvaro

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