A chuva vai indo embora. Duas ruas que se cruzam nesse momento: Sergipe e Rio de Janeiro. Segundo meu pai, o tempo agora a noite melhorou um pouco por lá. Aqui, um vento frio entra pela janela do apartamento, a orquídea sem flores pousa tranquila sobre o mármore branco desbotado. Foram horas de água desabando no céu. Não deixa de ter um certo glamour e um certo desespero. As duas coisas se confundem, às vezes. É como quem ver o mar do alto de uma favela. No player um cd do Baden Powell gravado em Bruxelas em outubro de 1999. Duas ruas que se cruzam: A vontade e a verdade.
Longe, mas não tão longe, observo meu violão descansando ao lado do sofá. Uma flanela branca o protege. O protege do meu sonho, da minha vontade. No fundo, o que tenho é só a verdade. Desde cedo o olho envergonhado. Durante toda a minha vida, penso eu, olhei esse instrumento leve, simples e absurdo, com vergonha. A maturidade agora me envergonha mais ainda. Quem sabe, por um curto tempo da doçura que é a primeira juventude ter com ele sonhado mais do que eu poderia ou, pelo menos, fingido que o conhecia bem.
Ontem, nessa mesma cidade pacata que hoje vivo com minha esposa, uns livros, Lp’s e cd’s, uma flauta transversa e este tal violão, presente de um querido amigo, jantávamos com uma visita. Em suas mãos trouxe um livro belo sobre os violões do Brasil. Consigo, também, um vinho rosé português que ajudou a adocicar o Alentejo que eu comprara uns dias antes para sua visita.
O livro a que me refiro se chama, exatamente, Violões do Brasil junto o belíssimo DVD contendo testemunhos, comentários, aulas. Assisti-lo me trouxe o sentimento misturado de prazer e dor. Sentimentos que, como ruas, se confluem.
Hoje a tarde enquanto assistia o documentário, enviei uma mensagem para esse meu amigo que me emprestou as raridades: “Chego a estar com vergonha do meu instrumento...”. O sentimento que eu tinha em meio à dor, era isso, exatamente isso: vergonha. Me perguntava, por que não havia estudado um pouco mais o violão, ou mesmo a flauta?, por que levava tudo numa doce brincadeira de criança? E onde havia ficado aquela brincadeira toda? Onde me perdi no tempo?
Agora ouvindo o velho e bom Banden sinto uma dor danada nas mãos por não ter estudado um pouco mais um dedilhado aqui, outro ali. Não ter estudado essa harmonia... aquela outra.
Mas a gente vai vivendo. Pois no fim das contas, o que vale é viver. E todo sonho de criança, quando fechamos os olhos, tentem a renascer.
Longe, mas não tão longe, observo meu violão descansando ao lado do sofá. Uma flanela branca o protege. O protege do meu sonho, da minha vontade. No fundo, o que tenho é só a verdade. Desde cedo o olho envergonhado. Durante toda a minha vida, penso eu, olhei esse instrumento leve, simples e absurdo, com vergonha. A maturidade agora me envergonha mais ainda. Quem sabe, por um curto tempo da doçura que é a primeira juventude ter com ele sonhado mais do que eu poderia ou, pelo menos, fingido que o conhecia bem.
Ontem, nessa mesma cidade pacata que hoje vivo com minha esposa, uns livros, Lp’s e cd’s, uma flauta transversa e este tal violão, presente de um querido amigo, jantávamos com uma visita. Em suas mãos trouxe um livro belo sobre os violões do Brasil. Consigo, também, um vinho rosé português que ajudou a adocicar o Alentejo que eu comprara uns dias antes para sua visita.
O livro a que me refiro se chama, exatamente, Violões do Brasil junto o belíssimo DVD contendo testemunhos, comentários, aulas. Assisti-lo me trouxe o sentimento misturado de prazer e dor. Sentimentos que, como ruas, se confluem.
Hoje a tarde enquanto assistia o documentário, enviei uma mensagem para esse meu amigo que me emprestou as raridades: “Chego a estar com vergonha do meu instrumento...”. O sentimento que eu tinha em meio à dor, era isso, exatamente isso: vergonha. Me perguntava, por que não havia estudado um pouco mais o violão, ou mesmo a flauta?, por que levava tudo numa doce brincadeira de criança? E onde havia ficado aquela brincadeira toda? Onde me perdi no tempo?
Agora ouvindo o velho e bom Banden sinto uma dor danada nas mãos por não ter estudado um pouco mais um dedilhado aqui, outro ali. Não ter estudado essa harmonia... aquela outra.
Mas a gente vai vivendo. Pois no fim das contas, o que vale é viver. E todo sonho de criança, quando fechamos os olhos, tentem a renascer.
Um comentário:
Um ótimo livro. É da mesma série do "Violeiros do Brasil", só que violão.
Dá vergonha né? Nego esculacha...
Abraço.
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