segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Once (Ou as escolhas nos direcionam...)


O final de semana foi calmo, como todo final de semana deveria ser e eu até poderia listar todos os não-afazeres que fiz. E poderia, aqui sentado, descrever o gosto doce do drink de sexta, o abraço apertado da preta, o som preciso das músicas do Edu Lobo ou como estava o Centro do Rio no domingo ensolarado de Aterro do Flamengo lotado. Não. Confesso que não foi esse o impulso que me fez sentar encarando o computador.
Filmes bons eu listaria muitos. Mas falarei de apenas um. Não é clássico. Pouco se falou sobre ele. Então, engordo as fileiras, talvez atrasado, mas, ainda assim, engordo.
Once, traduzido para o português como Apenas uma vez, é um musical um tanto singular. Primeiro pelo seu roteiro, diferente das fórmulas quadradas de todos os musicais que já vimos. Ao contrário de um diálogo seguido por uma dancinha e uma música que narra o tal diálogo (quando há diálogo), Once faz das músicas a manifestação da alma dos personagens e, talvez, pelos atores não serem atores e sim músicos (e bons, por sinal), o frescor a sinceridade do filme nos prende. Para uns, pode até ser classificado como um filme arrastado, que não tenha o poder de prender à primeira vista, discordo. É justamente o “ar caseiro” da fotografia e a simplicidade nas falas que nos prende.
O roteiro, como bem diz o diretor John Carney, pode ser resumido em dois segundos: A história de um artista de rua que encontra uma imigrante tcheca que toca piano, fazem amizade, há um prenuncio de uma paixão, compõem canções juntos, blá, blá, blá. Contudo, essa amizade/ admiração/ possível paixão, não é fundo da trama e sim (!) as canções! E que canções meu caros!
Como canta o rapaz do violão, como se casa bem sua voz rasgada com a da menina tcheca! E como as músicas são musicais!
E são elas (por isso um musical) que criam o cimento para esse concreto musical narrativo que é Once. Não é à toa que uma das músicas compostas por Glen Hansard (que faz o papel do artista de rua sem nome, sim, sim, nenhum dos dois personagens tem nome!) foi a ganhadora do Oscar de melhor canção.
A imigrante tcheca é representada pela cantora e pianista Marketa Iglova. Voz suave. Afinadíssima.
Minha singela opinião é: Bom, muito bom! Vale a pipoquinha, um ombro para se recostar e, claro, depois cantarolar as músicas.
Por que o filme não é chato já que tem tanta música? Fácil: assista e tire suas próprias conclusões!
Por fim, me pergunto: As escolhas que fazemos realmente nos direcionam?

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