segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Continuando na seara de Jorge Amado

 


Há menos de um mês conversamos – nós e mais não sei quem – sobre o livro Navegação de Cabotagem, cuja publicação original foi em 1992. Desde que li este livro algo me tocou profundamente. Evidente que a obra literária (e de vida) do escritor baiano, eterno menino grapiúna, habita no nosso imaginário, sejamos de onde formos.

Desde então quis caminhar, melhor, trilhar na minha maturidade ou quase maturidade – neste momento, não faz sequer um mês dos meus trinta e oito anos completos em julho passado – a obra completa de Jorge Amado por ordem cronológica. Não é um objetivo tácito, algo coach: não consegui, sou um derrotado, não me organizei. Com o perdão da erudição mesquitense, Baixada Fluminense, andanças pela Chatuba: foda-se! Se eu conseguir até o final do ano fechar a leitura da obra inteira, bom, se eu não conseguir, bom também. Livros são feitos para serem lidos. Sigamos, sou um moleque de apostos. Sinto muito.

Finalizei os dois primeiros romances, O país do carnaval, de 1931 e Cacau, publicado em 1933. Não espere muito de mim, não quero ser erudito – ao menos que seja a erudição mesquitense – tampouco conversar de maneira profunda sobre o conteúdo dos romances. Quem quiser que leia e torço para que haja condições para tal. Permaneço, sem que seja propaganda, defendendo as edições publicadas na ColeçãoJorge Amado, da editora Companhia das Letras – e que são as que estou adquirindo de pouquinho em pouquinho. Os posfácios presentes em cada livro são de envergonhar qualquer fala minha, pois são fantásticos, o de Cacau, por exemplo, escrito por José de Souza Martins é uma aula que eu gostaria de ter condições de ministrar como professor de História que sou de formação e ganha pão numa Universidade Pública Federal no lindo e forte Nordeste do Brasil (não o digo Universidade Pública Federal por pompa, mas por orgulho e defesa do Ensino Público e gratuito para todas e todos).

Docente titular aposentado de Sociologia na USP, José de Souza Martins, hoje com seus oitenta e dois anos vividos, sabe do que fala em seu texto sobre o romance Cacau. Oxalá, meu camarada Carlos de Oliveira Malaquias, professor de História Econômica no mesmo departamento que o meu na Universidade Federal de Sergipe e que neste segundo semestre de 2021 eu terei a honra de dividir disciplina na Pós-Graduação em História, concorde em encaixarmos esse romance no debate com as pós-graduandas e pós-graduandos em formação.

Com meu camarada Malaquias, mineiro de Curvelo, teço sempre ótimas prosas, no passado regadas a cerveja e tragos de cachaça, sobre a característica ainda tão rural do nosso país. Outro mineiro que se chegou na minha vida, este de Ponte Nova, terra do grande violonista e compositor João Bosco, parceiro maior do meu mestre Aldir Blanc, o Guilherme Queiroz de Souza, professor de História Medieval na Universidade Federal da Paraíba, também tem ouvido muito meus “causos” sobre a empreitada de ler toda obra do grapiúna. Parece que fiz uma trinca de mineiros na minha vida. Um triangulo mineiro – péssimo trocadilho –, mas me parece isso. Primeiro, meu velho irmão de trincheira, conversas pelo Brasil afora, de copo em riste e às vezes os dois taciturnos de cabeça baixa: Leandro Duarte Rust, professor de História Medieval na Universidade de Brasília, nascido em Teixeiras, menino do sopé que olhava o mundo e seu o tempo no horizonte. A ele se somam os dois acima. E a vida segue.

Acho que era para falar sobre O país do Carnaval (cujo posfácio é de José Castello) e sobre Cacau, os dois romances. Não o fiz. Apenas deixo no ar, como crônica que não é para ser lida. Mas os livros e seus posfácios, estes sim, devem ser degustados como boa pinga, boa conversa e abraço amigo e apertado. Aquele aconchego do forno à lenha no frio e o café preto sendo passado ali, assim, ao vivo. Nós vivos.

Sigamos. Inicio Suor, originalmente de 1934.

Até.


2 comentários:

Diego disse...

Opa, olha quem está de volta! Abração, camarada!

Bruno Alvaro disse...

Salve, salve, Vianinha! De volta aos bons velhos tempos que nos uniram! Saudações tricolores (do verdadeiro) e aquele abraço carioca!