Há
menos de um mês conversamos – nós e mais não sei quem – sobre o livro Navegação
de Cabotagem, cuja publicação original foi em 1992. Desde que li este livro
algo me tocou profundamente. Evidente que a obra literária (e de vida) do
escritor baiano, eterno menino grapiúna, habita no nosso imaginário, sejamos de
onde formos.
Desde
então quis caminhar, melhor, trilhar na minha maturidade ou quase maturidade –
neste momento, não faz sequer um mês dos meus trinta e oito anos completos em
julho passado – a obra completa de Jorge Amado por ordem cronológica. Não é um
objetivo tácito, algo coach: não consegui, sou um derrotado, não me
organizei. Com o perdão da erudição mesquitense, Baixada Fluminense, andanças
pela Chatuba: foda-se! Se eu conseguir até o final do ano fechar a leitura da
obra inteira, bom, se eu não conseguir, bom também. Livros são feitos para
serem lidos. Sigamos, sou um moleque de apostos. Sinto muito.
Finalizei
os dois primeiros romances, O país do carnaval, de 1931 e Cacau,
publicado em 1933. Não espere muito de mim, não quero ser erudito – ao menos
que seja a erudição mesquitense – tampouco conversar de maneira profunda sobre
o conteúdo dos romances. Quem quiser que leia e torço para que haja condições para
tal. Permaneço, sem que seja propaganda, defendendo as edições publicadas na ColeçãoJorge Amado, da editora Companhia das Letras – e que são as que estou adquirindo
de pouquinho em pouquinho. Os posfácios presentes em cada livro são de envergonhar
qualquer fala minha, pois são fantásticos, o de Cacau, por exemplo,
escrito por José de Souza Martins é uma aula que eu gostaria de ter condições
de ministrar como professor de História que sou de formação e ganha pão numa Universidade
Pública Federal no lindo e forte Nordeste do Brasil (não o digo Universidade
Pública Federal por pompa, mas por orgulho e defesa do Ensino Público e gratuito
para todas e todos).
Docente
titular aposentado de Sociologia na USP, José de Souza Martins, hoje com seus
oitenta e dois anos vividos, sabe do que fala em seu texto sobre o romance
Cacau. Oxalá, meu camarada Carlos de Oliveira Malaquias, professor de
História Econômica no mesmo departamento que o meu na Universidade Federal de
Sergipe e que neste segundo semestre de 2021 eu terei a honra de dividir
disciplina na Pós-Graduação em História, concorde em encaixarmos esse romance
no debate com as pós-graduandas e pós-graduandos em formação.
Com
meu camarada Malaquias, mineiro de Curvelo, teço sempre ótimas prosas, no
passado regadas a cerveja e tragos de cachaça, sobre a característica ainda tão
rural do nosso país. Outro mineiro que se chegou na minha vida, este de Ponte
Nova, terra do grande violonista e compositor João Bosco, parceiro maior do meu
mestre Aldir Blanc, o Guilherme Queiroz de Souza, professor de História
Medieval na Universidade Federal da Paraíba, também tem ouvido muito meus “causos”
sobre a empreitada de ler toda obra do grapiúna. Parece que fiz uma trinca de
mineiros na minha vida. Um triangulo mineiro – péssimo trocadilho –, mas me
parece isso. Primeiro, meu velho irmão de trincheira, conversas pelo Brasil
afora, de copo em riste e às vezes os dois taciturnos de cabeça baixa: Leandro
Duarte Rust, professor de História Medieval na Universidade de Brasília,
nascido em Teixeiras, menino do sopé que olhava o mundo e seu o tempo no
horizonte. A ele se somam os dois acima. E a vida segue.
Acho
que era para falar sobre O país do Carnaval (cujo posfácio é de José Castello)
e sobre Cacau, os dois romances. Não o fiz. Apenas deixo no ar, como
crônica que não é para ser lida. Mas os livros e seus posfácios, estes sim,
devem ser degustados como boa pinga, boa conversa e abraço amigo e apertado.
Aquele aconchego do forno à lenha no frio e o café preto sendo passado ali,
assim, ao vivo. Nós vivos.
Sigamos.
Inicio Suor, originalmente de 1934.
Até.
2 comentários:
Opa, olha quem está de volta! Abração, camarada!
Salve, salve, Vianinha! De volta aos bons velhos tempos que nos uniram! Saudações tricolores (do verdadeiro) e aquele abraço carioca!
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